Programação da I semana da alimentação do LabNutrir “Não deixar ninguém para trás”.

Dia 17/10, sala 2, 14 às 18h

Coordenação adjunta: Dr. Fábio Resende

  • Credenciamento
  • Abertura 
  • Mensagens principais do relatório + debate, Dr. Fábio Resende 
  • Intervalo 
  • Realidade e desafios da cadeia da carne no Rio Grande do Norte, José Roberto Pinheiro (IDIARN)  
  • Alimenta Brasil: um caminho alternativo para aquisição de carnes da agricultura familiar, Arruda Jr (CONAB/RN) 
  • Debate e encerramento  

Dia 18/10, sala A, 14 às 18h

Coordenação adjunta: Dr. Sandro Cordeiro

  • Credenciamento 
  • Abertura 
  • Mesa redonda com experiências sobre aprendizagem baseada em hortas 
    • Experiência Escola Élia de Barros – Prof. Maria Hosana 
    • Experiência NEI – Juliana Morais e Sandro Cordeiro 
    • Experiência CMEI Judith Aguiar – Prof. Ana Paula 
    • Mediação: Prof. Adriana Monteiro 
  • Lançamento do livro “Aprendizagem baseada em hortas”, Sandro Cordeiro, Michelle Jacob e demais autores 
  • Encerramento e lanche 

Dia 19/10, sala 3, 14 às 18h

Coordenação adjunta: MsC. Renner Bento

  • Credenciamento 
  • Abertura 
  • Introdução ao tema da biofortificação e sua relação com a segurança alimentar e nutricional, Flávio Pereira
  • Intervalo
  • Demonstração das espécies biofortificadas na horta do LabNutrir, Renner Bento de Lima
  • Encerramento

É hora de falar sobre comida sustentável no Brasil?

Michelle Jacob Ph.D., é professora do Departamento de Nutrição da UFRN.

Texto publicado pela Agência Bori em 06 de outubro de 2021.

“Não, porque as pessoas não podem pagar por alimentos orgânicos”. E foi assim que há alguns anos uma colega de trabalho tentou me convencer de que o debate da comida sustentável não era para nós, brasileiros e brasileiras.

O ano era 2017. Naquela época a cesta básica custava R$ 431,66 contra os R$ 650,50 de 2021. A trágica combinação de elevação nos preços de alimentos, somada à inflação, ao desemprego de longa duração e aos cortes em políticas públicas de segurança alimentar aumentaram a pobreza no Brasil, colocando o país novamente no mapa da fome. A atual pandemia de Covid-19 e a consequente crise econômica global agravam o cenário. O resultado é que hoje uma em cada duas pessoas no país encontra dificuldades de colocar comida na mesa. Muitas dessas pessoas vivem em situação de fome. E agora? Já é hora de falar sobre comida sustentável no Brasil?

A mentira

Talvez você pense como minha colega, que não. Não é hora. Apesar de não concordar, entendo o porquê de algumas pessoas pensarem desta forma. O mercado transmite a mensagem de que a sustentabilidade é um produto reservado às pessoas e nações que podem pagar por ele. 

Ainda na década de 80, o relatório “Nosso Futuro Comum” apresentou para o mundo o conceito moderno de sustentabilidade. Volte e leia novamente o título do relatório. Mais recentemente, com o lançamento da Agenda 2030 das Nações Unidas, a mensagem central continua sendo clara: “não deixar ninguém para trás”. Para que isso seja possível, as soluções para o futuro sustentável não podem ser tratadas como produto.

O conceito de sustentabilidade apresentado em “Nosso Futuro Comum” é fundamentado em duas premissas básicas: (i) a satisfação das necessidades do hoje e (ii) o nosso compromisso coletivo com as gerações futuras. Como nação, somos vítimas de uma mentira fundamental: a de que não temos o bastante para todos. Por isso, precisamos produzir mais, a todo custo social e ecológico, para garantir a comida na mesa hoje. Pensar no amanhã é privilégio dos que podem. Os privilegiados que podem pagar por orgânicos. Mesmo sendo filhos e filhas dessa rica nação, assistimos nosso futuro ser roubado enquanto escutamos a mentira de que não temos o bastante para o hoje. 

E então, já é hora de falar sobre comida sustentável no Brasil? Sim. Sobretudo se o objetivo for chegar ao âmago do problema, que é: como garantir o acesso de todos, no presente e no futuro, à comida que seja saudável para as pessoas e para o planeta? Apesar de sutil, esse enquadramento do debate amplia em grande medida a nossa capacidade de refletir sobre as mudanças que nos colocarão no caminho do futuro que queremos.

O enquadramento

Atualmente vem se consolidando a ideia de que precisamos tomar uma atitude sobre o problema da produção e consumo de carne. Para produzir carne em larga escala, somos capazes de cometer atrocidades: desmatamos, expulsamos pessoas e outros seres de suas moradas, matamos, poluímos, entramos de cabeça no cheque especial ecossistêmico, conforme expressão de Reinaldo José Lopes. 

As soluções começam a aparecer na forma de produtos: hambúrgueres e almôndegas vegetais, além de carnes cultivadas em laboratório. Particularmente sou entusiasta de muitos deles. Como não acredito na epifania vegetariana em nível global, vejo nestes produtos um potencial de reduzir em grande medida o problema do sofrimento animal. Nos tornamos especialistas em como torturar milhares de animais todos os dias nos sistemas de confinamento industrial. Acredito que o desenvolvimento tecnológico no terreno da alimentação já pode nos ajudar a abordar desafios éticos dessa natureza. Como Nikola Tesla disse ainda em 1900 no livro The Problem of Increasing Human Energy acredito que “todo esforço deve ser feito para impedir a matança arbitrária e cruel de animais, que deve ser destrutiva para nossa moral.”

O debate sobre substitutos da carne, sobretudo o da carne cultivada, quase sempre é muito inflamado. As pessoas acabam se posicionando em pólos extremos contrário e à favor dos produtos e acabam esquecendo de falar sobre ele, o acesso. 

É importante falar sobre acesso mesmo que esses produtos mal tenham chegado nas prateleiras dos supermercados. Atualmente, meia dúzia de startups do Vale do Silício dominam a tecnologia de produção de carne cultivada. Essas empresas contam com investimentos dos maiores produtores de carne do mundo, dentre elas Cargill, Tyson etc. Até a nossa velha conhecida JBS já enveredou no mercado dos produtos análogos à carne. Os investimentos feitos por essas corporações acontecem sob a condição de que a propriedade intelectual sob as patentes seja privada. Isso significa que todas as decisões fundamentais sobre a nossa comida serão tomadas por um punhado de pessoas com o objetivo principal de expandir o lucro de seus investidores. Não preciso contar o que acontece no final dessa história. 

Mesmo assim, vou dar um exemplo que é um aperitivo dos desafios à frente. Como mencionei, sou entusiasta das opções substitutas da carne. Por um motivo simples: adoro carne. Apesar disso, tenho a resolução pessoal de reduzir o consumo. Tenho feito isso ao longo dos anos. Mas não posso deixar de admitir que é um claro conflito entre razão e paixão, que tenho certeza que compartilho com muitos. Por isso, gosto de pensar que terei análogos à disposição. Segue a história: há menos de um mês comprei uma das opções de frango vegetal de uma das líderes do mercado no país. Na lista de ingredientes um me chamou atenção especial: “condimento sabor frango”. Pelo Instagram, abri a caixa de mensagem e pedi mais informações para a empresa. Segue o diálogo em sua forma integral.  

👩🏻 Gostaria de saber o que contém no condimento sabor frango. Poderiam esclarecer?

👨🏻 A gente segue a regulamentação de rotulagem que obriga a combinação de aromas ser chamada de “condimento preparado sabor xx”. Mas fica tranquilx, eu não uso nenhum ingrediente artificial e nem realçadores de sabor. Todos os aromas que compõem o condimento são de origem natural.

👩🏻 E eu não posso saber quais são? Essas informações são importantes pra mim.

👨🏻 Então, os ingredientes do condimento sabor frango não podemos divulgar, se compartilharmos iriamos (sic) compartilhar a “formula (sic) da perfeição” 🤣, mas fica tranquilo, que não tem nada artificial, nem de origem animal!

Não sei você, mas o segredo é uma coisa que me incomoda quando o tema é comida. Quero saber o que estou comendo. E parece que o segredo é a chave no tema dos substitutos da carne. Aqui vai a equação: some concentração de poder com falta de transparência e agregue ainda o objetivo central desses investidores da carne, que é o lucro. Faça essas contas para inferir o potencial do mercado em resolver o problema da carne.

Isso não significa que esse debate não valha a pena. Ele vale e é necessário. Gostemos ou não em um futuro muito próximo esses produtos estarão nas gôndolas do supermercado mais próximo de sua casa. Não debater é entregar nosso futuro de bandeja.

A questão do enquadramento aqui é a seguinte: a “fórmula da perfeição” para garantir nosso futuro comum não deve ser de propriedade privada. A carne cultivada será parte do futuro que queremos se o setor público puder investir e regular o uso dessa tecnologia. E o papel do setor privado, qual seria? Parafraseando o incisivo discurso do economista liberal Jeffrey Sachs na polêmica pré-cúpula sobre sistemas alimentares das Nações Unidas, o papel do setor privado é o seguinte: comporte-se, pague seus impostos e siga as regras.

As soluções

O caso dos substitutos da carne é ilustrativo de que o debate sobre comida sustentável é infrutífero se não considerar, além dos produtos, o acesso. É aqui que as soluções para os problemas da comida se complexificam. Discutir acesso é falar sobre igualdade de oportunidades. Sem rodeios, no terreno da comida, o acesso pode ser traduzido por duas ideias básicas: (i) reforma agrária e demarcação de terras e (ii) renda. Essa é a verdadeira “fórmula da perfeição”.

Sou professora. E é impossível não reconhecer um semblante de desesperança nos estudantes quando chegamos à conclusão de que o futuro que queremos depende de reformas estruturantes na política. Nessas horas é importante lembrar que mudanças estruturantes não acontecem em um estalar de dedos. A panaceia não existe. Tampouco o Messias. Mesmo assim, temos que começar de algum lugar. O Programa Bolsa Família, o Programa Nacional de Alimentação Escolar, o Guia Alimentar para a População Brasileira são provas vivas de que somos capazes de produzir soluções públicas que nos recoloquem na rota da comida sustentável de forma gradual. 

Além disso, se você está lendo essa matéria provavelmente é uma das pessoas que têm a sua próxima refeição garantida. Por isso, sua capacidade de participar da construção do futuro que queremos também começa aí, na próxima refeição. Se puder: reduza o consumo de alimentos de origem animal; diversifique sua dieta com mais alimentos locais, sejam eles plantas, cogumelos, ou algas; valorize o trabalho de agricultores e agricultoras familiares. E, para aqueles que menosprezam o potencial de pequenas mudanças, lembro da frase do filósofo irlandês Edmund Burke: “Ninguém cometeu maior erro do que aquele que não fez nada porque só podia fazer pouco”.

Por fim, sua capacidade de participar de forma mais ativa da construção do futuro que queremos também mora no voto. Apoie representantes que defendam expressamente que a forma como produzimos e consumimos comida no nosso país precisa mudar; que não nos transformem em vítimas do engodo produtivista enquanto negociam nossas florestas e nossas vidas; que compreendam que um país rico é um país livre da fome. Essas pessoas existem e merecem nosso voto. 

É hora de falar sobre comida sustentável no Brasil? Sim, já passou da hora de podermos voltar a ter esperança no futuro. A esperança anda de mãos dadas com a indignação e com a coragem, como ensina Santo Agostinho. “A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las”. É hora de retomar nosso caminho na direção do futuro que queremos, pois como nos lembra Ailton Krenak, “o [nosso] amanhã não está à venda”.

LabNutrir em Ação – Covid-19

Olá, queridas pessoas.

Com essa notícia enviamos nosso desejo que todos estejam em plena saúde. Esse é um momento chave para colocar em prática tudo o que aprendemos como membros da comunidade do LabNutrir: cuidar de nós, do próximo e do planeta.

Ainda que a maioria do grupo seja formada por pessoas jovens e saudáveis, lembremos que a recomendação de distanciamento social visa cuidar daqueles mais vulneráveis. Assim sendo, vamos trabalhar a empatia e nos manter recolhidos durante este tempo. Falando em distanciamento social, esse trágico evento também vem nos dando valiosas noções sobre o papel das políticas públicas em uma nação. Há muitas pessoas, que sem uma rede de proteção social, não podem parar de trabalhar sob a pena de não terem como sobreviver. A quarentena é seletiva, verdade, e o risco é partilhado, outra verdade. A seletividade do distanciamento coloca em risco todo o planeta. Tudo isso acontece em um momento muito sensível na política global. O covid-19 vem nos ensinando como os direitos sociais garantem a resiliência do nosso contrato social. Também nos ensina como estamos conectados: só existe uma civilização no mundo. Para superarmos esta crise, precisaremos pensar novas formas de solidariedade e cooperação global.

Serão alguns dias, semanas, talvez meses experimentando essa nova dinâmica do distanciamento. Aqueles que não se organizaram, comecem a fazê-lo. Também é importante cuidar de si. Garantam alimentos para pelo menos 15 dias em casa. Nunca vivemos nada parecido, mas fica claro que o acesso a alimentos in natura ficará cada vez mais difícil pelas cadeias de abastecimento convencionais. Assim, pode ser uma boa oportunidade para adquirir frutas, verduras e legumes agora e usarmos o conhecimento que adquirimos até aqui sobre fabricação de conservas, geleia, compotas, congelamento, entre outros. Não esqueçam também que a nossa horta oferece uma diversidade de plantas alimentícias espontâneas que segue à disposição de todos e que vocês já sabem muito bem como identificar. Parece que uma outra lição que podemos tirar desta tragédia é a importância da resiliência dos sistemas alimentares para que tenhamos alimentos saudáveis de forma estável.

Durante esse período nossas atividades de mutirão e cuidados coletivos com a horta estarão suspensas. Mas, há muito que podemos fazer para continuar com nosso trabalho. Esse pode ser um bom momento para cozinharmos mais e colocarmos nossas atividades de pesquisa, publicações e leituras em dia. Essa também pode ser uma oportunidade de pensarmos sobre novas formas de conviver em grupo.

Pensando nisso apresentamos à comunidade o projeto Hang-out LabNutrir. Com ele criamos um espaço de formação alternativo para os membros do LabNutrir durante o período do distanciamento social provocado pelo covid-19. O nosso objetivo é discutir, em encontros quinzenais, o livro Pegando fogo: por que cozinhar nos tornou humanos? Para o autor da obra, Richard Wragham, não passamos a cozinhar porque nos tornamos humanos. Ao contrário, nos tornamos humanos porque passamos a cozinhar. Para defender sua teoria, Wragham vai da antropologia biológica à nutrição, passando pela arqueologia, história e filosofia. Essa obra, por seu exercício transdisciplinar, pode nos ajudar a refletir sobre o tipo de pesquisa e ações que desejamos desenvolver como membros deste laboratório.

Para participar o requisito é ser membro ativo do LabNutrir, seja da comunidade acadêmica ou externa. Os interessados devem enviar uma mensagem a partir de hoje até o dia 01 de Abril para nutrirhorta@reitoria.ufrn.br. Após este contato e antes da primeira sessão os inscritos receberão orientações sobre a plataforma virtual onde nos encontraremos (o Zoom), bem sobre como acessá-la. O curso acontecerá de 03 de Abril a 14 de Agosto, quinzenalmente às sextas, das 16 às 18h. Caso a quarentena seja interrompida antes disso podemos repactuar o horário. Partilhamos abaixo uma prévia da nossa programação.

Programação I Hang-out LabNutrir

03 Abr – pactuação das regras e Introdução: a hipótese do cozimento
17 Abr – Em busca dos crudívoros
08 Maio – O corpo do cozinheiro
22 Maio – A teoria energética do cozimento
05 Jun – Quando o cozimento começou
19 Jun – Alimentos para o cérebro
03 Jul – Como o cozimento liberta o homem
17 Jul – A cozinheira casada
31 Jul – A jornada do cozinheiro
14 Ago – Epílogo: o cozinheiro bem informado e avaliação

O distanciamento não significa que nos desconectamos. Vamos nos fortalecer e impulsionar nossas ideias. Nutrir em ação, agora mais do que nunca.

Esperamos ver vocês no Hang-out LabNutrir.

Abraços fraternos, Time LabNutrir.

Com as Mãos na Terra

Matéria de divulgação sobre o trabalho de apoio a hortas pedagógicas, em escolas públicas da rede básica da grande Natal, realizado pelo LabNutrir. Ver na íntegra aqui.

Um dos canteiros de horta na Escola Municipal Pedro Costa, apoiada pelo LabNutrir – Foto: Fábia Mendes

Reportagem de Marcelha Pereira sob supervisão de Agecom

UFRN Inaugura Primeiro Laboratório Horta do País

Wilson Galvão de ASCOM – Reitoria/UFRN

Com 400 alunos atendidos no momento, entre estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da rede básica de ensino, foi inaugurado oficialmente nesta segunda-feira, 29, o Laboratório Horta Comunitária Nutrir (LabNutrir) da UFRN, primeiro Laboratório Horta em um curso de nutrição no país. Localizado nas imediações do Departamento de Nutrição, o espaço existe enquanto Horta desde o ano de 2017 e já conta, neste período, com 110 espécies representativas da sociobiodiversidade brasileira, atuando também no assessoramento da implantação de cinco hortas pedagógicas e escolares na cidade de Natal.

Destacando que o objetivo principal do Laboratório é o de apresentar-se como um espaço de formação de profissionais capacitados para atuar na elaboração de agendas públicas que comportem a complexidade da nutrição em políticas, pesquisas e prestação de serviços relevantes para a comunidade, a coordenadora do Laboratório, Michele Jacob, destacou que a experiência nos ensina a olhar o mundo sob outra perspectiva.

“O trabalho com hortas comunitárias é reconhecido como estratégia de fortalecimento da ação comunitária, necessária ao fortalecimento da participação social. A experiência do LabNutrir nos ensina sobre como a universidade pode prestar um serviço público de relevo à comunidade, nos convidando a revisitar nossas concepções não só de Nutrição, mas de educação e ciência cidadãs produzidas em um ambiente público que valoriza as pessoas e a vida”, colocou.

Foto: Cícero Oliveira

A perspectiva desenhada pela professora encontrou eco nas palavras da estudante de Nutrição, Laura Brito Porciúncula, para quem o Laboratório perpassa o conhecimento teórico e pessoal. “Nestes últimos dias, perguntei a alguns participantes da Horta o significado do espaço. União, conhecimento e inovação foram os mais citados. Particularmente, as atividades da Horta permitiram reconectar-me ao solo, o que aconselho que todos façam. Pedagogicamente, é um espaço diferenciado para praticar a ciência da alimentação”, ressaltou.

Destacando que a Horta Comunitária Nutrir foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um projeto de relevo para a promoção da alimentação como Direito Humano e que também esteve entre as práticas exitosas do prêmio ODS Brasil 2018, a reitora da UFRN, Ângela Maria Paiva Cruz, ressaltou que o Laboratório é um exemplo de que “plantamos juntos ideias, que se transformam em planos e depois em ações”. A reitora acrescentou que chama a atenção uma das características da iniciativa, referente à junção da interdisciplinaridade, inovação e inclusão.

Para Rosana Maria Ferreira, que integra as ações da horta mesmo sem vínculo efetivo com a UFRN, a concepção da Horta foge da visão fragmentada de sociedade, ao conceber a alimentação como direito humano, ao evidenciar e mesmo estabelecer as necessidades de conexões entre sociedade, desenvolvimento, educação e o indivíduo. Para ela, o LabNutrir enriquece-se a partir da teia de relações e informações que oportunizaram reflexões, experimentações e saberes relacionados ao cuidar da terra, do alimento, as características de cada planta, o manejo agroecológico. “As sementes plantadas produziram frutos que vão além dos alimentos colhidos. Em torno da horta, brotaram sentimentos cada vez mais raros no cenário social contemporâneo. Foram estabelecidos vínculos de cuidado, cooperação, solidariedade e de responsabilidades individuais e coletivas”, pontuou.

UFRN Inaugura Primeiro Laboratório a Céu Aberto da Instituição

O Departamento de Nutrição da inaugura na segunda, 29/4, às 10h, o primeiro laboratório à céu aberto da UFRN, o Laboratório Horta Comunitária Nutrir (LabNutrir).

O LabNutrir se destina a atender cerca de 200 alunos de vários cursos de Graduação da UFRN, além de assessorar diversos projetos de Hortas Escolares da Região Metropolitana de Natal, atingindo cerca de 2.000 estudantes da rede básica de ensino, prestando um serviço de relevo para a comunidade local. Esse espaço, que comporta mais de 110 plantas representativas da biodiversidade brasileira, foi idealizado pelos membros da Horta Comunitária Nutrir, que é composta por alunos e docentes de diversos cursos da UFRN, servidores técnicos e comunidade externa.

Espaço do LabNutrir, março de 2019. Foto de Michelle Jacob

A entrada é aberta ao público. A programação conta com a presença da reitoria, apresentação cultural e lanche produzido com produtos da horta. Mais informações podem ser obtidas pelo 3342-2291 ou via @nutrirhorta